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2019, 20 e 21: O que pensam os treinadores que passaram pelo Marcílio?

O que faltou para o Marcílio ser campeão, cobrança, torcida e lembranças do clube. Teco, Waguinho, Foiani e Moisés abrem o jogo com o Esporte Campeão.

O Marcílio Dias desde que voltou para a Série A do Campeonato Catarinense em 2019 vem fazendo boas campanhas. Sempre do meio da tabela para cima, sendo competitivo e com euforia da torcida. Na Série D e na Copa SC chegou nas fases agudas, mas não subiu nem foi campeão. O que está faltando? O que os treinadores do Marcílio pensam do clube? Onde o Marcílio pode chegar nos próximos 5 anos? Conversamos com Waguinho Dias, Paulo Foiani, Moisés Egert e Carlos Alberto Teco, os treinadores mais recentes do Marinheiro. 

Números do Gustavo Melim:

Waguinho Dias:

Treinador do Marcílio no Catarinense Série A 2019, Brasileiro Série D e Copa SC 2020. 40 Jogos: 16 Vitórias, 15 Empates e 9 Derrotas. Aprov. 52,5%

Imagem: Bruno Golembiewski
  1. O que você lembra da Campanha no ano do Centenário? Ficou marcado não só para o Marcílio, mas para a minha carreira e na minha vida. Conseguimos o acesso e era muitas incertezas para todos. Geralmente quando se sobe é muito difícil se manter. Nós precisávamos marcar o ano de forma positiva, era muita responsabilidade. Sempre gostei da equipe pra frente, sempre buscando o gol. Começamos com duas derrotas (Chape e Criciúma). Quando a gente conseguiu entrosar jogamos muito, deu orgulho.
  2. Jogos com casa cheia, o quanto foi importante a torcida naquela campanha? Com esse orgulho, começamos a pedir para o torcedor vir com a camisa do Marcílio, fizemos campanha para sócio com a meta de bater mil sócios e isso me deu orgulho de ajudar a fortalecer o nome do Marcílio no estado. Casa cheia, 7 mil pessoas, foi muito emocionante.
  3. O que faltou pro time chegar na semifinal? Faltou coroar a campanha chegando na semifinal. Eu creio que se a gente chegasse na semi seríamos finalistas. A equipe tava pronta. Mas acontecem tragédias no futebol. Situações inexplicáveis. Dependíamos de apenas nós. Perdemos para o Brusque aos 50 minutos. Também tropeçamos com Metropolitano e Hercílio. No último jogo vencemos o Figueirense em Florianópolis, mas num gol no final do jogo do Criciúma ficamos fora. Foi triste, mas foi linda a campanha. Era muito forte o campeonato de pontos corridos.
  4. Série D em 2020 voce faz uma campanha de recuperação e chega até o mata mata do acesso. Na Copa SC acaba eliminado em casa pro Concórdia. O que faltou nesses jogos? Fui convidado e convocado para voltar ao Marcílio na Série D. Fui com o maior prazer convicto que iriamos conseguir. Fizemos uma campanha de classificar e ficaríamos prontos no mata mata. Passamos pela forte equipe da Ferroviária e o difícil Goianésia. No último contra o Altos, não conseguimos vencer em casa. Não perdemos pra qualquer clube. O Altos esse ano foi campeão estadual, esteve na Copa do Nordeste. E aqui conseguiu empatar. Lá, num campo horrível, acabamos tomando gol aos 2 minutos e depois a goleada. Acho que faltou nossa torcida no estádio. E na Copa SC também. Fizemos 5 vitórias consecutivas, líder e vitórias maiúsculas. Mas no mata mata quando valia acabamos tomando gol e não revertermos. Não teve time apático, não teve pipoca. Não conseguimos. Fico triste porque gostaria de ter conquistado com o Marcílio.
  5. Com o conhecimento que você tem de futebol e do planejamento da diretoria do Marcílio, onde você imagina o Marcílio daqui 5 anos? Eu posso falar por hoje. É uma diretoria pés no chão. Honesta e transparente. Está sanando as dívidas e fazendo times que respeitam o torcedor, mesmo com a pandemia. Chegou a semifinal com bravura, méritos e humildade, jogando com as dificuldades do dia a dia. O Gama tem muito mérito, faz o futebol muito bem feito. Comissão técnica e jogadores também. Acredito que no médio longo prazo o Marcílio conquista a Série D. Quando acabar a pandemia e voltar a torcida o Marcílio ficará muito mais forte.

Paulo Foiani:

Treinador do Marcílio na Copa SC 2019. 18 Jogos: 12 Vitórias, 2 Empates e 4 Derrotas. Aprov: 72,22%

Imagem: Bruno Golembiewski
  1. O que você lembra da Campanha na Copa SC de 2019? Nós fizemos uma brilhante campanha. Melhor ataque, melhor defesa. Na semifinal com o Avaí, perdemos de 1 a 0 na Ressacada e vencemos por 4 a 1 dentro de casa. Aquele momento foi inesquecível porque o torcedor podia estar presente. Na final perdemos o primeiro jogo e conseguimos reverter. Não vencia o Brusque desde 2013. Nas penalidades não fomos competentes pra carimbar o título, mas foi uma brilhante campanha com ótimo aproveitamento.
  2. Voce foi o último treinador campeão com o Marcílio e o que chegou mais perto dos trabalhos recentes. O que falta pro Marcílio voltar a ser campeão? Olha Cacá, é difícil cravar o que tá faltando pro Marcílio ser campeão. O clube vem chegando nas competições. Acho que o Centro de Treinamento é muito importante. Lembro do desgaste do translado quase todos os dias. É um desgaste muito grande.  Mas ano passado eu cheguei na final do Sergipano e venho batendo na trave nos últimos anos. O Rogério Ceni virou um amigo particular porque fizemos o curso da CBF juntos e eu fui trocar uma ideia com ele, queria escutar dele que é vencedor. Foi bacana o que ele falou “Se está batendo na trave é porque você está no caminho certo. Tem que ficar atento aos detalhes e continuar”. Acho que isso vale também pro Marcílio.
  3. Com o conhecimento que você tem de futebol e do planejamento da diretoria do Marcílio, onde você imagina o Marcílio daqui 5 anos? Comparando Marcílio 2013 pro Marcílio 2019 eu vejo uma mudança muito interessante. Infraestrutura, organização, sócio torcedor, planejamento com pré temporada. O trabalho do Gama juntamente com os presidentes está muito bem. Vejo em 5 anos conseguindo o acesso pra Série C, Copa do Brasil, ter um caixa mais forte. Torço e espero que esteja em um outro patamar. É um clube que eu tenho um carinho muito grande. Foi onde eu conquistei meu primeiro título (2013). Guardo no meu coração com muito carinho e tenho convicção que um dia vou retornar. Fiquei muito feliz com o trabalho que o Teco vem fazendo. É um cara espetacular. Esteve comigo quando eu era o treinador, me deu toda a assistência.

Moisés Egert:

Treinador do Marcílio no Catarinense 2020. 9 Jogos: 4 Vitórias, 2 Empates e 3 Derrotas. Aprov: 55,56%

Imagem: Bruno Golembiewski
  1. O que você lembra da Campanha no Catarinense de 2020? Eu resolvi sair da minha zona de conforto, meu mercado que é São Paulo. Abrir novas portas. Vim pra Santa Catarina e escolhi o Marcílio. O Marcílio me escolheu. Fiz amigos. A cidade e o povo de Itajaí são maravilhosos. Foram grandes momentos e momentos difíceis. Algo especial que eu lembro foi a estreia com o Brusque. Assumi logo após a Copa SC e numa batalha campal vencemos. Nossa campanha foi de G4, chegamos a liderar. No mata mata veio a pandemia, tive Covid e o momento emocional 20 dias depois atrapalhou. A eliminação para o Criciúma foi uma das maiores decepções da minha vida.
  2. De que forma a torcida do Marcílio influencia no trabalho? Já trabalhei em vários clubes. São 11 anos como jogador e 15 como técnico. A torcida do Marcílio é diferente. Apaixonada e apaixonante. Torcedor do Marcílio fazia a diferença. Apoiava os 90 minutos. Fez a diferença e fará sempre. Foi uma experiência única e fantástica. Já trabalhei em vários clubes. Igual a torcida do Marcílio ainda não trabalhei. Fez falta contra o Criciúma.
  3. Voce pediu demissão após os resultados não acontecerem na Série D. Para o futuro, você gostaria de voltar ao Marcílio? Os diretores do Marcílio são meus amigos até hoje. São do bem. Mas não tinham passado por pressão. Existia uma expectativa muito grande pelo que fizemos na primeira fase do Catarinense. Após a eliminação pro Criciúma houve uma pressão muito forte. Naquele momento a tolerância diminuiu muito. Meus trabalhos são a médio longo prazo. Acho que o trabalho não foi ruim. Não queria ter saído, mas numa conversa acordamos pela minha saída. Os resultados acho que viriam como veio com o Waguinho. Torcedor me cobrou, me ameaçou e numa reunião decidimos com a diretoria para encerrar. Tenho acompanhado, torcendo e sempre estarei disponível pro Marcílio. Como treinador, amigo, consultor. Mas voltar, acho que hoje tá bem servido com o Teco e toda a diretoria e o Gama. As coisas vão acontecer.  

Teco:

Treinador do Marcílio no Catarinense 2021 e atualmente no cargo.

17 Jogos: 5 Vitórias, 9 Empates e 3 Derrotas. Aprov: 55,88% *Teco dirigiu o time em 2 partidas de 2020, elas fazem parte da estatística.

Imagem: Bruno Golembiewski
  1. Melhor campanha da história recente do Marcílio, qual a sua avaliação do desempenho no Catarinense? Na minha opinião foi muito positiva. Encontrei algumas barreiras, muitos jogadores ausentes, fizemos uma remontagem na equipe e colocamos as nossas ideias de jogo. Todos os envolvidos direta ou indiretamente no trabalho foram resilientes e contrariando os prognósticos conseguimos conquistar após 21 anos a disputa da semifinal do Catarinense e a conquista da Série D de 2022, o que garante a instituição calendário cheio. Aproveito para agradecer toda a diretoria, departamento de futebol, comissão técnica, atletas, staff, funcionários, torcedores, imprensa e a cidade de Itajaí que nos apoiaram em todo momento.
  2. A pressão e desconfiança no trabalho influenciaram em alguma coisa? Não influenciaram. Pressão e desconfiança são duas situações que vivemos constantemente no futebol. Quem opta por trabalhar no esporte, seja ele qual for, sabe que estas duas situações estarão a todo momento presentes. No futebol, não é diferente, é um esporte de massa, passional, envolve torcida, mídia, gestores e os próprios jogadores. Isto constrói em seu entorno um certo grau de cobranças principalmente por resultados positivos, e mais ainda quando estes não ocorrem. A desconfiança se expressa porque cada um que trabalha no/com o futebol tem a sua própria verdade e convicção. A cada momento que estas verdades ou convicções não são correspondidas, gera um certo grau de desconfiança. Precisamos saber lidar com isto.
  3. Voce falou que o Marcílio pode ser campeão catarinense no futuro. O que precisa melhorar hoje para começar a construir isso? O Marcílio não é um clube da capital, embora presente numa grande cidade que é Itajaí recebe pouco apoio das empresas privadas. Mas, como todas as equipes que dependem dos seus torcedores, tem um certo grau de dificuldade. Dá pra ir além, dá pra ir melhorando cada vez mais o processo e atingindo os objetivos. O clube através dos gestores vem buscando melhoras constantes nas questões estruturais e no desenvolvimento de projetos. Isto é claro, não acontece da noite para o dia, é um processo, e como todo processo leva um certo tempo de amadurecimento.
  4. Diante do cenário de dificuldades financeiras e baixa de jogadores, como fazer um time competitivo na Série D a menos de duas semanas de começar? Não é uma situação fácil para nenhuma equipe disputar qualquer competição com um orçamento modesto, uma competição nacional, as dificuldades então são maiores. Penso que talvez tenhamos sim algumas dificuldades, precisamos ter consciência disto. Também, para se construir proposta de jogo, sistemas e movimentações, demanda algum tempo, isto não acontece em alguns meses. Grandes treinadores de grandes equipes precisam de um certo tempo, razoavelmente longo, para construir isto com uma equipe. Somando-se a isto, temos jogadores que vão chegando e outros saindo, então, caímos naquele velho jargão do futebol de “consertar o pneu com o carro andando”. Mas temos ciência disto, estamos na competição e precisamos fazer o melhor que nos for possível. E para isto nos dedicaremos muito.
  5. Com o conhecimento que você tem de futebol e do planejamento da diretoria do Marcílio, onde você imagina o Marcílio daqui 5 anos? Eu não posso dizer onde o Marcilio vai estar daqui a 5 anos, mas posso dizer onde eu gostaria que ele estivesse. O Marcilio como já destaquei, está construindo um cenário positivo e coerente enquanto um clube de futebol. Acho que merecemos galgar mais uma série no campeonato brasileiro e quem sabe atingir a série B, que é um bom sonho. Quanto ao campeonato regional, gostaria de ver num destes anos próximos, o Marcilio disputando a final do campeonato catarinense. Enfim, sempre temos sonhos e expectativas, sempre queremos o mais alto patamar, porém precisamos sempre saber de onde estamos partindo.

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