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O amor a camisa ainda existe ou ficou no passado?

Primeiramente devemos lembrar que uma comparação dos tempos atuais com as décadas passadas até final de 80, seria algo muito antagônico, gerações com muitas diferenças, não somente nas quatro linhas, mas na sociedade em geral. Antigamente era normal um atleta jogar somente por uma equipe, contratos assinados em branco (no caso do Garrincha com o Botafogo), a identidade com a agremiação e o jogador era enorme, vestir a camisa da seleção Brasileira era como ser convocado para defender o País em uma guerra, motivo de orgulho nacional, patriotismo, a nação de chuteiras que chegou a ser utilizada como instrumento do governo ditatorial na época, como meio de manipulação de massa, visto o amor que o povo tinha em ver sua seleção canarinho em campo, esbanjando futebol e impondo respeito aos adversários.

Atualmente, não vivemos um bom período de gerações de tanto talento, como tempos atrás, fato que não conseguimos manter uma base da seleção, vivendo uma troca inconstante de jogadores. O grande problema atual dessas gerações de atletas profissionais de futebol é o fato que o futebol virou meio e não finalidade, um meio para adquirir riquezas e viver da ostentação (demonstrada por alguns jogadores e cobiçada por muitos), não que seja proibido querer ficar rico e garantir sua estabilidade financeira, mas o futebol não pode ser tratado como meio. O sonho não é mais jogar no seu time do coração de seu País e defender a seleção Brasileira, mas jogar nas equipes Europeias (não duvido que aos poucos o objetivo não sejam os mercados em expansão como a China, visto os valores que estão pagando), a seleção Brasileira hoje e vista mais como vitrine do que mérito, por isso que aos poucos os Brasileiros estão abandonando a seleção (também em virtude de toda corrupção de seus dirigentes), não é difícil encontrar quem diga que torce contra a seleção nacional, a que ponto estamos chegando.

Hoje o que mais vejo na base do futebol, são pais que chegam querendo que o filho seja o novo Neymar, eles não pensam que a principal finalidade do esporte é fomentar na criança uma cultura saudável, visando a socialização entre os companheiros, sabendo trabalhar em grupo, criando o gosto pela atividade física, visando não somente a parte atlética, mas a formação como cidadão. Nem tudo na vida se resume a dinheiro, essa cultura que o dinheiro é mais importante que tudo, cria uma geração oca, que não se apega as verdadeiras paixões, não atinge a felicidade plena.

Sou de uma geração que viveu a transição, pois lembro que no campinho ou nas quadras, não existiam vários modelos de calçados, era “Chinesinho ou Kichute”, com o passar do tempo, foi ficando mais normal ver uma chuteira ou tênis de futsal. Hoje o material esportivo é de todas as cores e modelos, fone de ouvido e boné é item essencial, pegar condução nem pensar (Edmundo falou que até as primeiras convocações da seleção não tinha carro, andava de transporte público), refeição era pão com banha (hoje nutricionista, cardápio variado), não sou contra a evolução que é necessária e principalmente para dar condições ao atleta, vejo que hoje as condições são muito melhores, mas, em contrapartida, o amor pelo futebol não é mais o mesmo.

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