A venda do goleiro Cleiton, pelo Atlético-MG para o Bragantino, surgiu como grande notícia no Marcílio Dias. O clube receberia um valor inesperado de uma venda que aconteceu por acaso. Porém, o ex-diretor da categoria de base da época, cobra uma parte da negociação e os valores estão bloqueados pela Justiça a seu pedido.
Paulinho Portugal assume direção da base do Marcílio Dias em troca de dívida
O começo dessa história explica o porque de Paulinho Portugal ter direitos sobre vendas de jogadores do Marcílio Dias. Em 2010, o então ex-atleta Paulinho Portugal, cobrava dívida de R$ 270 mil do clube. Sem recursos para quitar esta dívida o clube negociou e aceitou a proposta de arrendamento da base por 5 anos, em troca desta dívida.
A partir desta negociação, Paulinho Portugal teria direitos em negociações futuras de jogadores do Marcílio Dias formados neste período. A base ficou nas mãos de Paulinho por 5 anos, entre 2010 e 2015. Neste período revelou além do Goleiro Cleiton, o lateral Leonan, o volante Bruno Sena, Kadu, Edson Carlos(Capa), Roger Guedes entre outros. Paulinho ainda afirma, que as diretorias anteriores, não faziam contratos da maneira correta e o clube pode ter perdido muito dinheiro com possíveis negociações.
Goleiro Cleiton foi negociado por acaso
O Atlético-MG negociava com o Marcílio Dias o lateral Leonan, na época o lateral era tido como craque, promessa que acabou não deslanchando. Fez apenas 11 partidas no CAM, foi emprestado para vários clubes, não teve seu contrato renovado e hoje atua no Avaí. Segundo Paulinho Portugal, durante a negociação de Leonan, o agente do clube mineiro expôs a necessidade de um goleiro com nascimento no ano 1997, por coincidência o goleiro Cleiton estava a disposição e Paulinho Portugal ofereceu o atleta.
O clube mineiro se interessou e acabou fechando a negociação, deixando uma porcentagem para o clube de Itajaí e aos agentes envolvidos. O atleta terminou sua base no clube mineiro e ganhou destaque indo para a Seleção Brasileira. Chamou a atenção do Bragantino e foi negociado por R$ 23 milhões.
Questão financeira da negociação
O Bragantino comprou 70% do atleta por cinco milhões de euros (R$ 23 milhões). Dos 30% restantes, 10% pertenceriam ao Atlético-MG, 10% dos empresários e 10% do Marcílio Dias. Isso foi a informação que o Atlético-MG passou ao site globo.com. Seguindo a negociação dos 20% restantes, o Atlético comprou os 10% do Marcílio Dias pelo valor de R$ 1,5 milhão. O clube de Itajaí receberia os valores em 3 parcelas, já recebeu R$ 500 mil. Os valores restantes, R$ 1 milhão foi bloqueado pela Justiça a pedido de Paulinho Portugal, que cobra o que entende ser a sua parte na negociação.
O clube alega que Paulinho Portugal abdicou da sua parte na negociação, teria cedido à empresa que participou da venda, com receio que o clube não pagasse a sua parte na hora de receber. Segundo o clube, o próprio Paulinho procurou o Dr Guedin(advogado do clube) para lhe defender no início do processo. Para o clube esta empresa é que seria responsável por pagar a parte de Paulinho Portugal e não o Marcílio Dias. O clube teria seus 10% da negociação sozinho e não deve nada ao dirigente. Mesmo assim se colocou aberto a negociação e fez uma proposta financeira de acordo, dando suporte jurídico para cobrar da empresa o restante do valor.
Para o Presidente Lucas Brunet, nas suas palavras ”a ação foi maldosa, tanto com o Clube como com o Dr Guedin que foi usado na ação. O processo inviabilizou a compra do terreno do CT que já está escolhido e atrapalhou o reforço do time, pois o objetivo era fazer uma equipe ainda mais forte para a série D. Hoje temos R$ 20 mil pra contratar 8 jogadores. Este ato dele apenas inviabilizou essas duas situações, no meu modo de ver ele não foi correto com o clube e ele sabe disso.”
Paulinho Portugal diz que realmente não tinha uma boa relação com antigas diretorias do Clube, também ressaltou que respeita muito o trabalho da atual gestão. Mas que não tem nenhum contrato com o empresário e sim com o Marcílio Dias. No contrato de Paulinho com o clube, estariam determinados 50% dos valores desta negociação para cada lado. O dirigente ainda alega ser o responsável pela negociação, ele teria bancado o atleta financeiramente e dado toda a estrutura até a negociação ser concretizada.
Possibilidade de acordo na negociação
Aconteceu uma reunião informal entre as partes para tentativa de acordo na última quinta-feira. O clube foi representado pelo Presidente do Conselho Deliberativo Almir Vieira. Uma proposta foi oferecida pelo clube, em troca da retirada da ação e desbloqueio do dinheiro, cerca de 10% do valor da causa.
Entramos em contato com Paulinho no dia da reunião e a resposta foi positiva ”Foi uma boa reunião, devemos chegar em um acordo bom para todo mundo”. Porém, uma semana após a reunião o acordo ainda não foi selado.
Questionado novamente sobre a possibilidade de acordo, Paulinho Portugal nos respondeu que esta aberto a uma proposta respeitosa ao seu trabalho. Segundo Paulinho ”O que o clube ofereceu esta muito longe daquilo que é o correto.” Ele ainda diz que não quer os 50% que diz ter direito nos valores, mas afirma que a proposta precisa ser melhor do que foi apresentada.
O clube diz que fez a proposta de acordo possível e a partir de agora não terá mais essa possibilidade, promete seguir na Justiça até a última instância, na luta por todo o valor. Mesmo sabendo da pouca velocidade da Justiça e entendendo que o resultado da ação pode levar bastante tempo a sair, mas entende que é seu direito ficar com todo o valor da venda.
O Marcílio Dias deixa de fazer investimentos importantes, os valores já tinham destinos certos. Uma parte dos valores contribuiria significativamente no orçamento da Série D 2020, o restante seria usado para pagar parte de um espaço, onde seria construído o novo CT do Clube.
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