O Zagueiro Cleyton anunciou na última quinta-feira (23), aos 33 anos aposentadoria do futebol. Revelado pelo Avaí, em Santa Catarina, Cleyton teve passagens por Brusque, Guarani de Palhoça, Camboriú, Marcílio Dias, Almirante Barroso, Barra e Carlos Renaux. Seu último clube foi o Esportivo (RS).
Não tava sentindo mais prazer em jogar. Tenho um filho que mora em Floripa. Quero ficar mais perto da família, dos meus filhos.
Natural de Cantagalo (RJ), Cleyton fez história no Brusque. Foram 171 jogos e 5 títulos: Série B do Catarinense (2015), Copa SC (2018 e 19), Brasileirão Série D (2019) e Recopa (2020), além do acesso para a Série B do Brasileiro (2020).
Me sinto realizado. Saí da minha cidade com 14 anos pro Avaí. Conquistei coisas dentro e fora de campo. Depois que anunciei que iria parar tive noção de tudo que construí e as amizades. Eu ganhei títulos, tive acesso, descenso. Vivi de tudo.
Confira a entrevista especial com o Cleyton, ídolo do Brusque:
Por que você deu tão certo no Brusque? Brusque não tinha nem divisão quando cheguei em 2012, só jogava o Catarinense. Havan tinha saído, foi um ano muito difícil. Ganhamos só um jogo do Metro. Vim emprestado pelo Avaí. Podia estar nem aí, mas fiquei até o final. Dando a vida, acho que a torcida viu isso e me abraçou. Caímos e eu volto em 2013. Fui criando raízes na cidade.
Qual o momento mais especial da tua carreira? Título da Série D, foi incrível aquela final com 44 mil pessoas. Campeão Brasileiro acho que foi o ápice da minha carreira.
Quem foi teu maior parceiro do futebol? Neguete. Foi o cara que eu mais joguei. Ele é padrinho do meu filho. Parceiro de vida.
Você faria algo diferente? De 2021 pra cá eu conheci o Vitão, preparador físico do Barra. Ele me fez mudar a cabeça de jogador pra atleta. Eu teria sido mais profissional. Questão de cuidar mais do meu corpo. Eu gosto de tomar minha gelada, mas eu tomaria menos. Eu teria mais força, mais velocidade. Só isso, o resto faria tudo igual.
Como foi jogar naquele Marcílio de 2016? Rapaz, foi loucura. Fomos por causa do Mauro Ovelha. A gente foi eliminado pelo São Bento na Série D e o Brusque acabou emprestando pro Marcílio. Chegamos com o campeonato andando. No início daquela Série B foi bom. Ganhamos os primeiros jogos. Mas na hora de receber falaram que não iam pagar. A rapaziada desanimou. O Mauro saiu. Eu como capitão na época falei que não iria jogar. Falta de respeito. Foi muito difícil. Quem morava no alojamento não tinha alimentação. Quase caímos. Ficaram devendo. Alguns jogadores colocaram na justiça. Eu consegui receber e pelo menos escapamos do rebaixamento.
O que você está fazendo e para o futuro pensa em trabalhar com futebol? Consegui comprar uma casa, mas preciso e quero continuar trabalhando. Continuar em Brusque e terminar alguns estudos. Danilo (Presidente do Brusque) quer me fazer um convite. Vamos ver, a partir do mês que vem quero fazer cursos para me especializar. Quero continuar no meio do futebol.
Fiquei sabendo que você tem dois apelidos. Melancia e Capivara, que história é essa? (risada). Isso é coisa do Neguete e do Fio. Capivara porque fui pro América de Natal em 2017 com 84 kg. Renovei, mas minha esposa estava grávida e a família dela era daqui. Queria anular o contrato e os caras mandaram eu ir pra justiça. Até sair levou 6 meses. Eu meio que entrei em depressão e quando eu voltei pro Brusque, estava com 107 kg. Aí os caras me receberam assim “meu Deus parece a Capivara ali do rio. A bunda grandona, parece uma melancia”. Não teve um do vestiário que não riu. Os caras são muito traíras.
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