Uma doença na adolescência poderia determinar o futuro de uma pessoa. Mas, para Flávio Reitz, ela deu um outro rumo. Um caminho vitorioso. Quando aos 15 anos ele descobriu um tumor no fêmur, o maior osso do corpo humano, não imaginava que se houvesse persistência e não se abatesse, um dia poderia estar praticando esporte e representando o seu País em competições internacionais.
Depois de amputar a perna, o então adolescente Flávio continuou sua vida até conhecer o paradesporto. Recebeu um convite, após algum tempo da coordenadora do programa, Aline Rita de Barros, e começou representar o município em competições como os Jogos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc). No entanto, à época, sua modalidade era o handebol em cadeira de rodas.
Até hoje ele pratica o esporte e representa Itajaí nos Parajasc, mas é no atletismo que conheceu seus melhores potenciais e começou a colher seus melhores resultados. O início na modalidade veio com um convite e incentivo de Aline, que passou a ser sua esposa e companheira no esporte e na vida.
Os resultados começaram a aparecer. A princípio, acompanhado de profissionais da FMEL começava a se destacar e via que que no salto em altura tinha chances de representar bem o Brasil em competições internacionais. Desde então, passou a ser acompanhado por um profissional especializado na prova e as marcas melhoravam gradativamente. Na Paralimpíada de Londres, em 2012, um quinto lugar e a marca de 1,68. Mais recentemente, em Toronto, uma prata e a expectativa, a partir de agora, de uma boa apresentação na maior competição internacional do paradesporto no Rio de Janeiro, novamente na Paralimpíada, em 2016.
Prata em Toronto
“Eu vou trazer uma medalha para Itajaí”. Foi com essa expectativa que o paratleta foi disputar os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá. No início da noite do dia 13 de agosto, ele alcançou a meta ao conseguir a marca de 1,74 metros para conquistar a medalha de prata e garantir o recorde americano da classe T42. Na cerimônia de premiação, lembrou da sua cidade e gritou: “Valeu, Itajaí!”. O norte-americano Roberts Townsend foi ouro com 2,12 metros.
Durante boa parte da prova, ele ficou na liderança após alcançar a marca que mais tarde acabou lhe garantindo a prata. No entanto, quando tentou 1,78 metros errou as três tentativas e ficou na expectativa da participação do norte-americano, que bateu o recorde mundial e ficou em primeiro.
No evento, o saltador teve de competir com paratletas que tem as duas pernas ou com deficiência apenas nos braços. Para tanto, teve de mostrar, mais uma vez, o seu talento com uma perna e impulsão invejável para conseguir tal marca. A junção de categorias, e não somente a F42 da qual ele pertence, aconteceu devido ao pequeno número de competidores no salto em altura na América. Na Paralimpíada, buscará as primeiras colocações enfrentando paratletas com o mesmo grau de deficiência.
Mesmo assim, o resultado foi muito comemorado por Reitz, que pela primeira vez participou do evento. Nas Paralímpiadas de Londres (2012), foi quinto colocado da mesma prova e se tornou uma das referência no seu país e em competições internacionais.
Agora, está em ritmo acelerado para conseguir uma medalha nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro. Desde o início do ano, participou duas vezes de um treinamento com os profissionais do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em São Caetano do Sul, visando às competições deste ano. E, como na vida dele nada é fácil, a confirmação da convocação veio apenas no evento realizado no dia 19 de julho.
Com a convocação, manteve os treinamentos. Alternando viagens a Timbó porque seu treinador mora nesta cidade. Por isso, ele tem, de vez em quando, viajar àquela cidade para trocar ideias e treinar junto com o profissional que acredita muito em seu talento. “Estamos focados para que ele esteja nas Paralímpiadas e para ser o top do mundo do mundo em 2016”, disse o seu treinador, Sidney Reinhold, após a prata no Parapan.
Quinto lugar em Londres
Para os Jogos Paralímpicos de Londres 2012, Reitz teve uma expectativa imensa para participar do maior evento esportivo do mundo. Nesta competição em que acabou em quinto, estavam os melhores da sua classe, a F42. E nesta seleta lista de representantes de países estava o paratleta itajaiense de coração que representou o Brasil nesta competição do atletismo.
Flávio é especialista em salto em altura. Somente em 2012, o paratleta quebrou dois recordes brasileiros: em março conquistou a marca de 1,63m na classe F42, e voltou a quebrar seu próprio recorde e marcou 1,65m na mesma prova. Três anos depois, em 2015, conseguiu 1,74m mostrando que vem em constante evolução nos últimos anos.
Ao contrário de Londres, quer uma medalha nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro e, para isso, conta novamente com o apoio das pessoas que sempre lhe incentivaram. No Estádio Nilton Santos, o Engenhão, nesta sexta-feira, a partir das 17h30, todos que acompanharam sua trajetória irão saber o resultado.
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