Marcílio Dias paga 100% das dívidas trabalhistas

A atual gestão do Clube Náutico Marcílio Dias iniciou em 2016 com o Presidente Lucas Brunet, após muita disputa política para conseguir assumir o clube. Na época, as dívidas do Marinheiro passavam dos R$10 milhões e o clube agonizava na série B estadual.

A reestruturação do clube aconteceu em todas as áreas, mas a parte financeira certamente era a mais importante. O clube devia para credores diversos, desde jogadores, técnicos, impostos, ações cíveis e até um mercadinho, o que no fim das contas acabou com a penhora do ônibus do clube, caos completo. A missão era difícil, mas agora, em 2025, o clube pode comemorar a quitação das dívidas trabalhistas. A notícia da quitação total das trabalhistas foi confirmada pelo Presidente Tarcísio Guedim no programa Esporte Campeão Debate da última quinta-feira.

”Estou só esperando as negativas para poder publicar nas redes do clube e comemorar essa conquista. Mais de 70 ações trabalhistas no total, estamos muito felizes e vamos por mais conquistas.”

Marcílio Dias pagou quase R$5 milhões de dívidas trabalhistas:

As dívidas trabalhistas eram a maior fatia do bolo e também as que mais geravam bloqueios judiciais no início do mandato do grupo, em 2016. O ex-Presidente Lucas Brunet, lembra que o processo de tentar pagar as dívidas iniciou antes do grupo assumir o executivo do clube. ”Nós, o nosso grupo com Almir, Castilho, Guedim, Gabriel, Neto… Fizemos várias reuniões para tentar levantar as dívidas e fazer com que a diretoria da época iniciasse os pagamentos. Tivemos a possibilidade do Profut, que o clube não conseguiu aderir. Se tivesse feito aquilo seria muito mais fácil a nossa vida. Depois que assumimos, conseguimos iniciar o processo de pagamento. Foi um período de muita luta. Recebi todo tipo de pressão, inclusive ameaças, tive o carro seguido. Só no meu carro bateram duas vezes. Mas não desistimos e fomos bem sucedidos. Hoje o Marcílio Dias é viável e tem um momento muito bom pela frente” diz ele.

Um dos diretores responsáveis pelo trabalho foi Almir César Vieira, que também falou com a equipe do Esporte Campeão: ”Assumimos o clube em um momento muito delicado financeiramente, com o Judiciário se modernizando e tornando as penhoras muito mais rápidas. As execuções eram muitas e decidimos priorizar o pagamento das dívidas e isso fez com que o Judiciário entendesse que o clube queria pagar, isso ajudou muito com as penhoras. No total foram mais de 70 ações quitadas com os valores passando de R$4,5 milhões de trabalhistas. Para ser mais exato foram pagos R$ 4.333,338,00 de antes dos mandatos do grupo e mais R$300 mil contraídos durante os nossos mandatos”.

No mandato de Hercílio de Mello o clube jogou a Série D do Campeonato Brasileiro, foi campeão da Copa SC e também jogou a Copa do Brasil. E no meio de tudo isso enfrentou a pandemia de Covid-19. O Ex-Presidente Hercílio comenta sobre os desafios que enfrentou: ”Nós tínhamos muita dificuldade de fazer o futebol com as trabalhistas e penhoras diárias. Tentamos priorizar o pagamento das dívidas mas sem deixar o futebol de lado. Conseguimos ser campeões da Copa SC e jogar a Copa do Brasil, que inclusive teve todo o dinheiro do prêmio, cerca de R$900 mil penhorados para dívidas trabalhistas. Hoje o clube chega em um momento que o Tarcísio Guedim terá muito mais condições de trabalhar. Eu fico muito feliz que o clube alcançou aquilo que nós todos planejamos lá atrás. É um momento de união de todos e de virada de chave, tenho certeza que em breve o Marcílio Dias estará no lugar que nós sempre pensamos pra ele” comemora.

Penhora da Taça Luiza Melo

Um dos fatos curiosos do processo de quitação das dívidas foi a penhora da Taça do Campeonato Catarinense de 1963, único título estadual do Marcílio Dias. Um dos credores conseguiu na justiça a penhora. O oficial de Justiça foi até a loja do clube buscar a Taça, mas Almir César Vieira fez de tudo para que a Taça não fosse levada. Depois de muita negociação o diretor do clube conseguiu manter a Taça a salvo. ”A Taça é o símbolo da conquista do clube, aquele dia foi muito forte pra mim, me emociono só de lembrar, imagina você perder uma Taça por dívidas de diretorias passadas, eu assumi como fiel depositário para evitar que a Taça fosse levada” cometa Almir.

Comparativo do Orçamento:

Quando o grupo assumiu o clube em 2016 o orçamento era de R$1,5 milhão e o time disputava a série B do campeonato catarinense. Depois de 8 anos de gestão o clube disputa a Série A do Campeonato Catarinense, Série D do Brasileiro e o orçamento de 2024 bateu os R$10 milhões. Mas o atual presidente, Tarcísio Guedim, ressalta que ”Mais importante que o orçamento foi a recuperação da credibilidade do clube. Hoje as pessoas sabem que o Marcílio Dias é um clube confiável. E não é só pagar as dívidas, nesse período também mantivemos o time nas competições, enfrentamos uma pandemia e seguimos em busca de voos maiores. Temos a reforma do estádio para tirar do papel, o nosso CT sendo reformado e um novo CT em planejamento para ter novidades ainda neste ano. Estamos muito felizes com a quitação das dívidas e a partir de agora vamos em busca de uma vaga na série C. Esse será nosso maior objetivo a partir de agora” completa o presidente.’